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A raposa escreve...

Hey, raposinhas!

Comentei no vídeo do canal que era viciada em rpg online escrito e que tive muitos personagens e, olhando uns escritos meus antigos, achei esse conto que eu escrevi como monólogo (note que na história mais de um personagem fala, mas a gente dava esse nome aos contos que um "player" escrevia de seus próprios personagens entre si sem "intromissão" de personagens de outro "player") e decidi mostrar pra vocês o que eu gosto de escrever além do blog.

Clique em Leia mais e espero que goste! ;*

A história que segue após o Leia mais contém seres "fantásticos" ao estilo do seriado supernatural.

@It's a nightmare | Ágatha - Alícia - Dazu

O "título" acima segue a estrutura @(título) | Personagens que fazem parte

Acordei em um quarto nada familiar. Não tinha meu video game no canto do quarto, ou minhas luminárias coloridas numa prateleira alta em cima da minha escrivaninha. As cores das paredes e dos móveis eram frias, nada parecidas com as cores vibrantes do meu quarto na república. Mas ainda sim… Eu sentia que conhecia aquele lugar, era de certa forma familiar.
Levantei e olhei em volta, franzindo o cenho. O quarto poderia ser parecido com algum quarto que já passei em toda a minha vida, afinal, 28 anos não é pouco e as lembranças de antes de eu ter vendido minha alma ainda vêm aos poucos, então deveria ser isso mesmo.
Hummm, acho que me lembro de um pouco da noite passada.
Devo ter saído da boate com aquela loira em quem esbarrei. Dei uma olhada na cama e então sorri, a noite parece ter sido boa. Acho até que eu deveria pedir um replay já que a bebida não me deixou aproveitar muito. Aliás, eu não me lembro da hora em que saímos, eu já deveria estar mais pra lá do que pra cá. Então… Será que dei conta? De repente… Os lençóis bagunçados podem ter sido eu sozinho depois de, talvez, ter capotado. Ou sei lá. Meneei a cabeça rindo baixo e olhei na direção da porta do quarto. Andei até passar por ela e me dirigi para onde ouvia alguns barulhos.
Os corredores também me davam a sensação de que eu já estivera ali. Algumas obras de arte com uma assinatura que eu não conseguia desvendar, eu também já não era mais tão chegado em arte como quando eu era chamado de Senhor Dazu.
Quando cheguei à porta da cozinha dei uma olhada naquela figura feminina de costas para mim e de frente para o fogão. Ela usava uma blusa social que parecia grande demais pra ela, mas meu número, e a parte inferior de uma lingerie preta. Ela tinha um corpo lindo, e o cabelo loiro estava amarrado em um rabo de cavalo.
Me aproximei e a abracei por trás, dando uma mordidinha no lóbulo da orelha dela. Fechei os olhos e apoiei meu queixo no ombro dela.
— Bom dia. — falei baixo, com um sorriso nos lábios.
Senti-a dar uma risada muda e então colocar as mãos por cima das minhas.
— Bom dia. — ela respondeu e então eu abri meus olhos de uma vez. A voz era assustadoramente familiar, eu sabia quem era aquela loira.

Me afastei e a virei pra mim, analisando aquele rosto. Não pude controlar o meu sorriso quando notei quem era. Era minha Alícia, a Alícia que um dia fora minha mulher, o amor da minha vida, a que um dia chegou tão perto de ser a mãe dos meus filhos, a mulher por quem eu vendi minha alma.

— Alícia! — quase gritei, eu estava… Não sei. Sentindo-me, talvez, o homem mais feliz do mundo naquele momento. — C-como? — gaguejei.

Ela deu um sorriso e colocou uma mão em meu rosto, acariciando. Ou pelo menos eu acho que ela estava fazendo isso. Não sei se era a emoção ou qualquer outra coisa, mas naquele momento eu não sentia a mão dela só conseguia sentir meu coração pulando no meu peito.
— Senti sua falta. — ela disse me olhando nos olhos.

— Eu… — me interrompi, eu acho que também senti falta dela, mas… Ao mesmo tempo que eu sei o quanto a amo, não posso ter certeza de que senti sua falta. Ainda existiam tantas lembranças que deveriam voltar. Sem saber o que fazer por esse pensamento ter se enfiado em minha cabeça a puxei para o mais perto e encostei meus lábios nos dela. Movendo-os contra os dela. Não sei se ela retribuiu, na verdade, meu corpo parecia em choque, dormente, por causa da emoção.

— Zuzu? — um tom melodioso, mas debochado, disse.

Quando abri meus olhos e olhei para a mulher a minha frente, os olhos cor de mel de Alícia tinham virado castanhos escuros com um leve tom puxado para o vermelho; a pele rosada agora era pálida; o rosto já não era “fofo”, era um rosto um tanto provocante; e os fios de ouro que antes estavam presos em um rabo de cavalo agora eram castanhos, estavam soltos e o corte era na altura dos ombros.
Demorei um pouco para notar que era outro rosto conhecido. Ágatha.
Ela deu um sorriso torto e eu fiquei sério.
— Awm, Dazu, que sonho lindo. — Ela zombou, dando uma risada alta. – E romântico. Quase me apaixonei.

— Sonho? — repeti baixinho em tom de pergunta. Isso explicava o fato d’eu não ter sentido a carícia de Alícia ou o beijo dela.

— É, seu bobão. Acha mesmo que você ia se embebedar uma noite e no dia seguinte ia acordar na casa da sua amada? — ela revirou os olhos e de repente tudo ao nosso redor ficou escuro. — É claro que não, não seria tão fácil e… tosco.

— Por que fez isso?

— Eu não fiz. Foi seu cérebro. — Ágatha começou a andar em minha volta, parando atrás de mim. Então ela me abraçou por trás, passando um braço pela minha cintura e o outro por sobre meu ombro esquerdo, ela ficou de ponta de pé e colocou o queixo apoiado em meu outro ombro, e me olhou. — Eu sou um demônio, Zud, não o Freddie Cruger.

Continuei com a expressão séria.
— Que ótimo, então o que faz aqui? — evitei olhar para ela.

— Eu estive em todos os seus sonhos desde que você voltou para a vida terrena, garoto. E consegui evitar todos os que você acabaria se encontrando com Alícia.

Ao ouvir aquilo, sorri torto.
— Hoje eu consegui, e por mais que tenha sido rápido. Eu amei. — a olhei por sobre o ombro e arqueei uma sobrancelha. — Parece que você também falha, Ágatha.

Ela me encarou como se quisesse arrancar minha cabeça fora por causa do comentário.
— Culpa dos seus amiguinhos! — rosnou e sumiu, de repente aparecendo na minha frente, me encarando. — Eles pegaram o Lian, e eu tive que salvá-lo!

— Não tenho amigos caçando vampiros, Ágatha. E o Lian não é do interesse deles, não importa pra ninguém, só pra você. Aliás, parece que você se importa com alguém, então você não é um todo ruim.
— Não me importo com o imbecil do Lian, só é difícil arrumar vampiros que se façam servos fiéis… Especiezinha que se acha alguma coisa importante. – ela sussurrou a última parte de maneira ríspida, mas consegui ouvir. — Tirando o Lian e o Prince, pode ver: Suki traiu Brittany, Dílhio traiu dois da Trindade dos Magos de Londres, em 1642, e ainda saiu carregando um dos bruxos como melhor amigo… Vê se pode. – ela deu uma risada, num tom seco, nenhum sinal de verdadeira animação. — Quer outro exemplo? Kass e Scar, dois outros vampiros que se diziam fiéis à Trindade e a nós demônios. — Ágatha rangiu os dentes, seu olhar estava vazio e perverso, mas ela já não me encarava mais. — Todos mereciam morrer.

— Isso. Continua. Pode desabafar. Tenho a noite toda, não é? — dei uma risada zombeteira.
Ela voltou o olhar pra mim, um olhar doentio e assustador. Respirei fundo, aquilo iria doer.
Ela enfiou a mão em meu peito e eu fiz uma careta de dor, senti vontade de gritar, mas sabia que era inútil. Ela continuou como se apertasse meu coração e tentasse arrancá-lo. Poxa, eu estava sentindo e era um sonho! Encarei Ágatha e comprimi os lábios, evitando um grito, então ela me soltou e eu comecei a cair.

— SAI! — sentei de uma vez na cama, ofegando e olhando em volta. Lá estavam minhas paredes em cores vivas, minhas luminárias, meu video game, minhas prateleiras com livros e baús de brinquedos. Joguei-me de costas no colchão, fechando os olhos e respirando fundo. Senti uma pontada no peito e fiz careta, levando a mão até ele. Parecia que a mão dela ainda estava ali. Pelo menos… A dor ainda estava ali.

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